Edvaldo Cabral: Toada e Baião



Baião com Jaelson Farias

(Texto extraído da introdução à partitura publicada:)

Em suas composições Edvaldo Cabral faz constante uso do contraponto, ligado a um conceito próprio das funções tonais. Uma das características mais marcantes de sua técnica de composição - e com isto de seu estilo pessoal inconfundível - é sua arte de obter um contraponto a partir de uma única linha melódica, deslocando sistematicamente para uma outra oitava notas que a constituem.

Na obra aqui apresentada este recurso está bastante explícito. Conforme o compositor, o tema de entrada de Baião

poderia, partindo de sua idéia geradora, ser representado como:


Baião pertence às primeiras composições de Edvaldo Cabral para violão solo e data de 1978, enquanto Toada surgiu por volta de 1982 (em sua primeira versão escrita para violão de 7 cordas). Na atual versão de 2002, Toada e Baião formam, segundo o próprio compositor, uma unidade musical.

A toada é um gênero de canção lenta de caráter narrativo e melancólico. A palavra "baião", que denomina um gênero de música e de dança típica do nordeste, significa primordialmente "dança". Trata-se de uma forma lexical que, por sua correspondência e origem, está associada ao verbo "baiar", uma transformação regional do verbo "bailar".

O padrão rítmico do baião pode, segundo o compositor, ter tido sua origem no canto da scardafella squammata (conhecida como "rolinha cascavel" ou "fogo-pagô"), pássaro muito comum e característico da região, que emite insistentemente o seguinte motivo:

(Exemplo criado por Napoleão Costa Lima e Edvaldo Cabral)
Napoleão Costa Lima
Recife, março de 2004

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